A BOFETADA
Arte de Vito Campanella
Não foi brigando com nenhum homem que amadureci. Não foi invocando nenhuma guerra no trânsito que amadureci. Não foi enfrentando tumultos e acotovelando beberrões que
amadureci. Não foi apanhando dos pais que amadureci.
Amadureci quando levei uma bofetada da namorada durante a adolescência. Nenhum homem cresce se não levar um tapa na cara de uma mulher em algum momento da vida. Aquele
tabefe seco, bloft, inesperado, e merecido. E nem pode reagir porque é justo. Aprontou, levou o peso da palavra e do castigo na bochecha. É aguentar a fisionomia de
tacho, a imobilidade de idiota, a vergonha do vermelhidão.
Um homem só aprende a assumir seus pecados e sua culpa depois de uma bofetada feminina. Antes ainda é uma criança, ainda é filhinho da mamãe, ainda acredita na impunidade no amor.
Ouça o comentário na manhã desta sexta-feira (03/07), na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, com Antonio Carlos Macedo e Jocimar Farina: