A CHAVE E O CHAVEIRINHO
Arte de Otto Dix
Não há maior solidão do que a da mulher alta.
É uma dificuldade secreta, que ninguém fala.
Mas o homem prefere uma mulher gorda a uma mulher alta.
Prefere uma mulher nanica a uma mulher alta.
Não diz, mas prefere.
É um machismo. O mais vergonhoso: o machismo silencioso.
O machismo de se sentir menor do que a mulher e rejeitá-la antes de qualquer contato.
Como se a altura fosse determinar se ele é macho ou não.
Homem teme mulher alta. Se a mulher tem mais de 1 metro e 80, ele desaparece.
Só quer mulheres menores do que ele. Para dominar.
Vergonha de andar de mãos dadas com mulher maior do que ele.
Vergonha de abraçar uma mulher maior do que ele.
Vergonha de dançar com uma mulher maior do que ele.
Homem pensa que ele é baixo porque ela é alta. E afasta todas as mulheres altas de sua vida, para fingir que não é baixo.
Não há maior sofrimento do que da mulher alta.
Porque ela não é feia e é tratada como se fosse um monstro.
Não há maior tristeza do que da mulher alta.
Sempre chamada de girafa, sempre convocada para ser jogadora de basquete, sempre solicitada para pegar alguma coisa lá da última prateleira. Confundem a mulher alta com uma escada simpática.
Mulher alta sofre o pior bullying amoroso. Precisa de homem de coragem, não de homem egoísta, homem que somente pensa em si e na aparência.
Não importa que seja um pequeno homem, desde que não seja um homem pequeno.
Ouça meu comentário na Rádio Gaúcha na manhã de terça (24/1), no Programa Gaúcha Hoje, apresentado por Antonio Carlos Macedo e Daniel Scola: