A INTENÇÃO DESMERECIDA
Arte de Giacometti
Meu amigo preparou o almoço. Uma massa pesto maravilhosa.
Quando sua esposa apareceu em casa, fui elogiar:
— Seu marido é um autêntico chef italiano. Cozinhou uma massa e tanto.
Adivinha o que ela respondeu?
— Assim é fácil, qualquer um faz, ele usou molho pronto.
Em vez de comemorar o capricho do marido, ela desdenhou. Ela subestimou. Ela colocou o sujeito para baixo. Ela diminuiu a importância do ato.
De repente, nem percebemos o quanto rebaixamos quem a gente ama.
Pelo pretexto da sinceridade. Pelo pretexto da espontaneidade.
É um desejo de desmascarar totalmente dispensável, é um desejo de ser mais verdadeiro do que a verdade totalmente desnecessário.
A pessoa se esforça em ser gentil e agradar e não respeitamos a tentativa, não reconhecemos a intenção.
Temos que avacalhar, mostrar que o outro não é perfeito, expor fraquezas publicamente, entregar os defeitos. Para quê?
Devia ser o contrário. Os casais deviam se proteger, deviam se cuidar, deviam se unir pelas virtudes.
Os casais deviam se incentivar, se elogiar, se respeitar.
Acordar e escolher algo bom a ser dito, algo bom a ser sublinhado. Não alimentar o rancor já no café da manhã.
O mundo do trabalho já é tão cheio de crítica, o mundo do trabalho já é tão perverso, não é justo maltratar nossa família.
Ouça meu comentário na manhã de terça-feira (16/7) na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, apresentado por Antonio Carlos Macedo e Jocimar Farina: