ABANDONO DE CÃES SERÁ ALVO DE CAMPANHA
Prefeitura e concessionária mobilizam-se contra o descarte de animais de estimação em rodovias
LEO GERCHMANN
leo.gerchmann@zerohora.com.br
Integrante de ONG de proteção a animais, Nair adotou cão resgatado pela nora em rodovia de Canoas.Foto de Mauro Vieira
Leia (ou releia), abaixo, passagem de um texto escrito pelo cronista Fabrício Carpinejar em sua coluna de Zero Hora, na edição do dia 29 de novembro.
“Repare na insensibilidade: o dono mente ao seu cachorro que irão passear, para desová-lo no corredor da morte. Calcule o terror do bichinho quando não entende o castigo, e corre uivando, desesperado, atrás de um carro que nunca será mais o seu.”
A repercussão da crônica “Parem de matar cachorros!”, em que Carpinejar fala sobre o ato cruel de descartar animais de estimação à margem de rodovias, surpreendeu o colunista. Além da reprodução nas redes sociais, Carpinejar recebeu, no dia da publicação, mais de 50 mensagens de leitores elogiando o texto e/ou relatando situações similares.
O abandono de animais é um dos casos de maus-tratos citados no artigo 32 da Lei Federal 9.605/98, e pode levar o infrator à detenção de até um ano e multa. A possível punição, no entanto, não coíbe o crescimento da prática nesta época do ano.
Por isso, a Secretaria Especial dos Direitos Animais da prefeitura de Porto Alegre e a Concepa iniciam no dia 7 de janeiro, no pedágio de Gravataí, uma campanha de conscientização contra o abandono de animais. Segundo a concessionária, 32% dos atropelamentos de cães na Freeway ocorrem no trecho Gravataí-Porto Alegre.
– O alerta será importante. Os abandonos ocorrem com mais frequência no verão, quando as pessoas vão para o Litoral – diz a veterinária Márcia Generasca.
A organização da campanha recém se iniciou. É certo que o prefeito José Fortunati e a primeira-dama, Regina Becker, entusiastas da defesa dos animais, estarão no local. Devem ser promovidas atrações como a doação de ração e distribuição de folders.
Presente nas BRs, a Polícia Rodoviária Federal enumera casos de abandono. Os patrulheiros testemunham desde gente que joga o animal pela janela do carro para fugir rapidamente até papeleiros que deixam os bichos durante a madrugada e lhes dão as costas, saindo em marcha batida para não serem identificados ou parados.
Certa vez, os próprios paramédicos da Concepa adotaram uma cachorrinha e a batizaram de Zilda. Confeccionaram até uma roupinha de paramédica para ela. Até que, em um assalto ao pedágio, a mascote foi baleada e morreu. Tempos depois, adotaram outro cão, o Risco Zero. Acostumadas ao trabalho na estrada, são pessoas que conhecem bem o destino trágico dos cãezinhos abandonados à selvageria das estradas.
PRÁTICA CRUEL
O abandono de animais na estrada é comum, mas a reação de quem se comove com a prática é rápida. Na quinta-feira passada, bastou um comentário do apresentador Antonio Carlos Macedo, do programa matutino Gaúcha Hoje, da Rádio Gaúcha, para mobilizar um resgate.
Macedo comentou pesaroso o fato de um cãozinho estar abandonado na rodovia Novo Hamburgo-Porto Alegre (BR-116), em Canoas. A auditora Tatiana Feidel, 25 anos, ouviu o apelo e enfrentou a fúria de outros motoristas ao parar seu carro, por volta das 7h, e salvar o bicho nas imediações da Estação Fátima, do trensurb.
– Avistei o cão junto ao muro. Para ele ter chegado ali, só se pulou o muro ou alguém o jogou. Fui xingada pelos outros motoristas – conta Tatiana, que estava indo para o trabalho.
O cão foi doado para a sogra de Tatiana, Nair Schorn, 49 anos, que já toma conta de outros 25. Aparentando entre 10 e 12 anos, o mascote recebeu um nome bem sugestivo.
– O BR está bem e vai ficando aqui comigo – diz Nair, que integra uma ONG de proteção aos animais.
Nas férias
NO HOTEL
Confira dicas para que o seu animal fique bem cuidado nas férias de verão.
- Certifique-se que o local tem veterinário
- Deve exigir vacina dos hóspedes e ter controle parasitário
- Veja se há espaço para o animal se exercitar
- Devem ser deixados os alimentos aos quais o animal está acostumado
- Deixar com os animais os próprio potes de comida, panos e brinquedos
EM CASA
- Fechar portas e janelas
- Ter confiança na pessoa que cuidará do animal
- Orientar que o cuidador mantenha as rotinas de alimentação e passeios
- Deixar telefone de veterinário com o cuidador
NA CASA DE OUTRA PESSOA
- Saber se os donos da casa gostam e são cuidadosos com animais, bem como seus filhos
- Saber se o animal vai aceitar bem a casa onde ficará
- Saber se há outros animais e se eles são receptivos ao hóspede
LEVAR JUNTO
- O animal tem de estar vacinado
- Providenciar malas de transporte para carga viva ou cintos de segurança especiais
- Ter à mão tranquilizantes e medicamentos contra vômitos
- Saber se a casa onde o animal ficará tem espaço adequado
- Manter a rotina do animal
- Dar vermífugo no retorno, especialmente se as férias foram na praia
Fonte: Fonte: Márcia Generasca, veterinária
Publicado no jornal Zero Hora
Geral, p. 28, 06/12/2011
Porto Alegre (RS), Edição N° 16909