APELIDO ENGRAÇADINHO
Arte de George Grosz
Papagaio, Sabonete, Sapo, Nenê Gordo e Geleia podem ter sido seus colegas de escola. Famosos no recreio ou no jogo de futebol.
Mas são os principais inimigos da Justiça Gaúcha. Os principais criminosos.
Em comum, o apelido debochado, perverso, destacando um defeito.
Um apelido para a turma rir. Um apelido para chacotar.
Há a tendência de acreditar que o apelido surgiu depois da fama criminosa, mas quem diz que não surgiu antes? Na infância? Enquanto os bandidos ainda nem sonhavam o que seriam.
O apelido é a arma carregada do bullying. Letal. Perigosa. Capaz de condicionar destinos e matar vocações.
Parece loucura, mas o apelido ruim ajuda o crime.
Transforma crianças em atrações de circo.
Ajuda a pessoa a se sentir ninguém, nada, desprezada.
Se sou Geleia, se sou Nenê Gordo, tanto faz me esforçar, não terei futuro mesmo.
O apelido consagra a rejeição.
O apelido é a faixa de miss do monstro.
O apelido é o fim do caminho. A boca do lixo.
E não estou mencionando o apelido carinhoso, que qualquer um deseja, mas o apelido que se pretende engraçadinho. Que chama atenção de uma vergonha, de uma dificuldade na aparência.
O apelido mata a felicidade do feio.
É a humilhação escolar; qualquer um já se vê derrotado antes de abrir a boca.
O apelido machuca, é como ser espancado verbalmente todo dia, toda hora.
Pense antes de dar um apelido. Mais do que um simples gesto de respeito, já é caso de segurança pública.
E quem diz isso é o Panqueca. Não terminei preso porque fui recheado de amor de pai e de mãe – foi o que me salvou.
Ouça meu comentário na manhã de sexta (22/6) na Rádio Gaúcha, no programa Gaúcha Hoje, apresentado por Antonio Carlos Macedo e Daniel Scola: