DEDICAÇÃO
Há algo melhor que o autógrafo do autor: a dedicatória do leitor. Quando o leitor autografa o livro como se fosse seu. Quando o leitor escreve uma cartinha na folha de rosto para alguém especial. Quando o livro vira presente depois da leitura. Quando o livro é dado, não emprestado, pela necessidade de dividir as lembranças.
Como a Cris fez para a sua filha em minha obra “Cuide dos pais antes que seja tarde”.
Já não é meu livro, é muito mais valioso: é a correspondência entre mãe e filha. Virou um exemplar único, customizado pelo afeto. A letra foi poupada, economizada ao extremo, nota-se a caligrafia pequena para aproveitar todo o espaço da página e toda a emoção do coração. Existe uma ânsia para deixar um testamento, um sentido para a vida. A narrativa cresce dentro das juras de duas pessoas.
Trata-se de uma carta para o futuro, já que a criança tem 3 anos. Desculpe, 3 anos, 4 meses e 4 dias, porque os pais ainda comemoram os números quebrados, acostumados com a contagem da gestação.
Estou no meio do amor entre as duas. Nenhuma estante poderia ser melhor.
Crônica publicada em 07/6/2018