ESCOLHER UM DOS LADOS
Arte de Paul Delvaux
Quando somos amigos de um casal, temos que escolher um dos lados para apoiar na separação.
É triste, mas é o que deve acontecer. É inevitável.
Não dá para continuar amigo dos dois. Precisamos assumir nossa amizade mais antiga. Não tem solução. Não tem conserto.
Não há como agradar os dois depois de uma briga.
Não há como confortar os dois depois de uma briga.
Não há como atender dois reis ao mesmo tempo e concordar com as duas versões.
Amigo não é juiz. Amigo não é mediador de conflitos. Amigo não é terapeuta. Amigo não é santo. Amigo que é amigo não senta em cima do muro.
Pode até gostar muito dos dois, mas terá que optar. Terá que definir o voto.
Senão termina levando e trazendo mensagens, senão vira motoboy de indiretas, senão perde a credibilidade dos conselhos, senão será vítima daquele concurso infantil de quem você gosta mais.
Aquele que brincar de voluntário da ONU só vai desagradar as duas partes.
É uma época de crise, de rancor, de roupa suja.
Os separados estão magoados, suscetíveis, desesperados. Dependem muito de um colo. De falar e falar mal, de chorar e chorar sem limite. Sobrará para qualquer um que se manter indeciso.
É uma das maiores dores do divórcio. Conviver com alguém muito tempo e ser obrigado a renunciar sua companhia de uma hora para outra.
Mas amor não é política, não aceita coligações, não faz acordos, não muda de partido.
Ouça meu comentário na manhã de sexta (2/11) na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, apresentado por Antonio Carlos Macedo e Daniel Scola: