HOSANA NAS ALTURAS
Arte de Emil Nolde
- Mãe, realmente precisa ir na missa hoje? Não pode deixar para semana que vem? Ninguém está doente, ninguém está morrendo na família, está exagerando.
- Mãe, é perigoso ir sozinha. Chama alguma amiga, por favor!
- Mãe, escolhe um lugar bem iluminado para sentar, tá?
- Mãe, não leva o celular, sabe que não é bom andar com celular na missa.
- Mãe, não empresta tua Bíblia a estranhos. Nunca se sabe quem está ao lado. Não inventa também de ser generosa e partilhar o terço. O que é teu é teu, não puxa assunto.
- Mãe, volta antes do sermão, nada de esperar a eucaristia.
- Mãe, olhe para os lados na missa. Não fica rezando de olhos fechados que é dar bobeira.
- Mãe, se aparecer alguém suspeito mexendo nos bolsos, procure a saída lateral.
- Mãe, cuidado ao abrir a bolsa para oferecer o dízimo. Já leva o dinheiro separado e contado de casa.
- Mãe, me avisa quando voltar.
O diálogo parece absurdo, Macedo, mas agora não é mais possível mais rezar sem ter medo da violência. A Igreja São Sebastião, no meu bairro Petrópolis, onde fiz a primeira comunhão, foi assaltada no último domingo, às 21h, no meio de uma missa. Ladrão hoje não respeita nem Deus.
Ouça meu comentário na manhã de terça-feira (14/10) na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, apresentado por Antonio Carlos Macedo e Jocimar Farina: