JANTAR DE GRINGO
Arte de Johann Friedrich Overbeck
Uma das piores invenções sociais foi o jantar americano. Aquele em que cada um se serve e senta em qualquer lugar.
Meu joelho não é madeira: não tem como equilibrar os talheres, o copo, o prato, o guardanapo e ainda fingir que estou feliz. Quando sou obrigado a participar de jantar americano, tenho vontade de pedir o joelho emprestado de minha mulher. Sempre falta apoio.
Não há como ser educado em uma posição indígena.
Levo a comida a sério. É desconfortável fazer refeição pelos cantos, espremido num sofá, desmanchado num pufe, como um mendigo dentro de casa.
Preciso comer na mesa. Em outro lugar será lanche. Pode vir feijoada que será lanche. Pode vir mocotó que será lanche.
Só registro que almocei ou jantei sentado na mesa. Do contrário, passei fome.
Sou adepto do jantar de gringo. Café colonial, eternamente.
Ouça meu comentário na manhã desta terça-feira (1/9), na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, com Antonio Carlos Macedo e Jocimar Farina: