Blog do Carpinejar

O EXAGERO REDENTOR

Arte de Federico Barocci

Quando tenho uma boa e má notícia, nunca pergunto: qual que minha mulher pretende ouvir primeiro.

Eu só conto a má. Exagerado. Como se fosse um apocalipse. Como se não houvesse conserto.

Já digo que errei feio, que estou encabulado, já peço desculpas antes de tudo.

Crio um suspense, um drama, aumento a expectativa, tomo um copo d'água.

Antecipo minha vergonha, meu medo de não ser mais aceito, meu arrependimento.

Aviso que não tenho solução, que não presto, que não tenho jeito.

É certo que ela espera o pior do pior do pior. Pensa no pior do pior do pior. Chega a sentar para ouvir.

E quando confesso: em vez de receber alguma reclamação, crítica, xingamento, sou consolado.

A esposa fica aliviada mais do que chateada. Logo responde que não foi nada. Até me parabeniza.

É incrível como funciona.

Recebo o perdão imediato. Porque a pessoa perdoa o que imaginou, que é mais terrível do que eu realmente fiz.

Nossa imaginação é viciada em tragédias.

Ouça meu comentário na manhã de sexta-feira (07/11) na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, apresentado por Leandro Staud e Jocimar Farina:

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