O FOLGADO
Arte de Philip Guston
Existem vigaristas dentro de casa. Os preguiçosos.
Não os distraídos, mas os folgados, os que adiam eternamente uma tarefa para não ter trabalho.
É uma figura sempre presente em residências com mais de três integrantes. Pode ser o filho, o marido, a esposa.
Nunca assume a responsabilidade. Explora a sombra da impunidade com talento.
Passou a ser percebido após o afastamento gradual do mordomo e da emprega doméstica do ambiente da classe média. Não tinha mais ninguém para culpar.
Seu método é um só: apresentar uma cara sonsa e responder "não sei quem foi".
Trata-se de um tumor benigno no seio familiar, mas vale a pena arrancar.
Ouça meu comentário de sexta-feira (24/8) na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, apresentado por Antonio Carlos Macedo e Fernando Zanuzo: