O SOBREPESO DO DIMINUTIVO
Arte de Vicente Dolpico Lerner
O casamento corre riscos quando passamos a usar o diminutivo.
Sério: di-mi-nu-ti-vo.
É mais do que um cacoete de linguagem, é a formalização do término.
Preste atenção. É um caminho sem volta. É domesticar o outro, abandonar a felicidade, tirar o sal da comida, acostumar-se com a rotina.
O diminutivo é a prova de que o amor está também diminuindo.
No início da relação, a mulher é chamada de amor, luz do sol, gostosa, pequena, delícia, linda, maravilhosa.
De um modo limpo e definitivo. Sem nenhum risco de falsidade. Sem nenhuma ameaça da ironia. Sem nenhuma afetação. Com o deslumbramento sinceramente apaixonado.
No fim da relação, torna-se "amorzinho", "bebezinha", "gostosinha", "engraçadinha", “queridinha”.
O romance acaba por causa do inho/inha
O que era bom vira bonzinho.
Ouça meu comentário na manhã de sexta-feira (17/4), na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, apresentado por Antonio Carlos Macedo e Jocimar Farina: