OS SINAIS DE QUE SE ENVOLVEU COM UM LOUCO
Na paixão você só quer ver o que acredita. Os olhos são guardados no estojo dos óculos.É comum não enxergar os sinais de que se envolveu com um perseguidor. Todo perseguidor simbolicamente mija no poste para demarcar território. Não quis reparar por educação, tão dedicado a acreditar na história de amor e idealizar o encontro.
Ninguém se envolve com um louco sem receber avisos. E não são poucas as advertências. O erro é fazer de conta que é uma exceção ou, mais grave, entender tudo ao contrário.
Se no primeiro encontro, a pessoa lhe morde, banca o Drácula em seu pescoço, deixa um chupão onde o colarinho da camisa não tapa, não significa que o sexo foi selvagem, não ache que é bonito, não são medalhas da paixão, não corresponde a uma entrega total de um animal no cio, não sinta orgulho da noite virada em claro, é o indício de que se envolveu com alguém histérico e ciumento.
É um stalker dando as suas primeiras demonstrações de desequilíbrio e de alternância de humor. Ao admitir as marcas e até se orgulhar, assumirá o papel de incentivador da possessividade.
Qualquer exagero sem intimidade prova uma carência descomunal e perigosa.
Quem arranha a pele arranhará o seu carro numa despedida. As unhas serão pontas das chaves depois em sua lataria.
Os ataques sadomasoquistas somente se agravam com a progressão da convivência, a ponto de normalizar discussões e barracos.
Se o par amoroso tem o costume de se irritar quando visualiza as mensagens e não responde em breves minutos, não compreenda como sintoma da saudade, ele será capaz de persegui-lo pelas ruas no rompimento da relação.
Se ele não gosta quando sai com decotes ou com corpo mais à mostra, não aceite como preocupação pertinente ao seu modo de vestir, pois tratará de insultar a cada foto acompanhada de um colega de trabalho.
Se ele não suporta likes de amigos e comentários engraçados em suas redes sociais, não veja como vigília bem-intencionada contra prováveis críticas, é mais um trailer do filme de terror, inventará fakes para inferniza-lo no fim do namoro.
Há tipos que não acolhem a contrariedade e a recusa, e se debruçam sobre a missão suicida de explodir com as suas conexões sociais. Mergulham no ressentimento puro e escolhem a vingança como uma forma de continuar amando. Não desejam a sua felicidade, mas dominá-lo a ponto de não ter mais ninguém por perto.
A polidez no início da relação e o receio de falar a verdade permitem a criação de monstros. Eles não crescem desprovidos de sua concordância e de seu carinho na cabeça.
Corte o mal pela raiz antes de ser obrigado a morder os frutos envenenados da obsessão.
Publicado em Donna ZH em 24/6/2018