PENHOR
Arte de Patrick Heron
Se você recebeu um presente que não gostou não dê para outra pessoa. Já não funcionou uma vez.
É ser camelô do afeto, contrabandista da amizade, traficante da própria casa.
Por que você acredita que alguém vai gostar de algo que você não gostou? Ou você acredita que o outro tem mau gosto?
Acertei? Você tem bom gosto e dá para quem tem mau gosto? Está chamando o presenteado de cafona? Está ofendendo o presenteado?
E ainda lança aquela frase hipócrita: “Pensei em ti, pensei que é tua cara”.
Nossa, reembrulhar um presente traz azar, tem energia negativa, todo mundo nota o embrulho solto e o durex sem cola.
Não se pode remanejar presente. Reutilizar. Não favorece o carma. É muita avareza entregar algo de segunda mão. É para economizar duas vezes (poupar tempo e poupar dinheiro).
Presente não é obrigação. Presente não é se livrar da tarefa. Não é disque-entulhos.
Melhor esquecer a data do que passar adiante algo rejeitado.
Oferecer jóia da ex-mulher para a nova namorada, por exemplo, é de última categoria.
Você não é uma casa de penhor, querido.
Pior que isso é só reciclar camisinha.
Ouça meu comentário na manhã de terça-feira (26/2) na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, apresentado por Antonio Carlos Macedo e Daniel Scola: