Blog do Carpinejar

QUESTÃO DE PELE

Arte de James Ensor

Há uma distinção fundamental entre o homem e a mulher.

A mulher prefere transar quando está à vontade, disposta, leve, com a cabeça boa. Entende o sexo como inspiração, merecimento de um momento.

Não adianta vir quente se ela estiver fervendo de raiva.

Com um problema ou um aborrecimento a resolver, não vestirá o roupão e entrará na arena. Nem por decreto. Ainda por cima, chamará você de insensível.

Se tomada de preocupação ou sobrecarregada do trabalho, não cederá aos apelos da carne. Se machucada por alguma frase ou com orgulho ferido, não assumirá o enlace. Se estiver comendo chocolate ou se sentindo gorda, nem tente convencê-la de que seu corpo é bonito.

A qualidade do contexto determinará sua vontade – antes de fazer sexo, a mulher pergunta “Onde? Como? Quando? Por quê?”. Não é de qualquer jeito e em qualquer lugar.

Já o homem é o oposto. Quer transar principalmente quando não está bem. Transa para se recuperar, para sair do desespero, para abandonar a tristeza. Pode perder o emprego e transar como antídoto, poderá estar falido e transar como esperança, pode estar acabado e transar como ressurreição. Enfrenta divórcios e separações com sexo. A ala masculina acredita que o sexo acalma mais do que cachaça e antidepressivo.

São dois extremos de comportamento.

Para a mulher, sexo é argumento. Para o homem, sexo é desculpa.

Para a mulher, sexo é eleição. Para o homem, é golpe.

Para a mulher, sexo é virtude. Para o homem, sexo é vício.

Para a mulher, sexo é resultado do dia. Para o homem, é uma nova noite.

Para a mulher, sexo é julgamento. Para o homem, sexo é perdão.

Para a mulher, sexo é concentração. Para o homem, é distração.

Para a mulher, sexo é literatura. Para o homem, é televisão.

Para a mulher, sexo depende de 100% de entrega. Para o homem, não depende de nada.

Para a mulher, sexo é comemoração. Para o homem, é salvação.

Para a mulher, sexo é escolha. Para o homem, é catarse.

Para a mulher, sexo é caminho. Para o homem, é fuga.

Para a mulher, sexo é transparência. Para o homem, é confusão.

Para a mulher, sexo é confiança. Para o homem, é provocação.

Para a mulher, sexo é confirmação de expectativas. Para o homem, é reversão do quadro.

Para a mulher, sexo é sinceridade. Para o homem, é fantasia.

Para a mulher, sexo é parte da vida. Para o homem, é o sentido de toda a vida.

E haja sexo para anular as diferenças.





Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, p. 2, 29/10/2013
Porto Alegre (RS), Edição N° 17598

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