SÍNDROME DA MEIA-BOMBA
Arte de Eduardo Nasi
Homem tem medo de iniciar a transa sem estar rijo.
Precisa endurecer antes de tirar a calça, senão enrola e disfarça com beijos e tangos. Desconfio que ele criou o tango para acobertar a ausência momentânea de ereção e ganhar tempo. Pernas pra lá, pernas pro ar, são passos cênicos que ocultam sua fragilidade.
Precisa endurecer antes de tirar a calça, senão enrola e disfarça com beijos e tangos. Desconfio que ele criou o tango para acobertar a ausência momentânea de ereção e ganhar tempo. Pernas pra lá, pernas pro ar, são passos cênicos que ocultam sua fragilidade.
Não estou mentindo: o macho traz uma timidez assustadora no corpo.
O pânico de broxar regra sua vida.
Tente apalpá-lo com o membro descansando. Ele rejeitará o gesto. Afastará carinhosamente sua mão. Não imagino atitude diferente. É da raça se mostrar só alerta.
A dificuldade masculina com a preliminar descende do conteúdo à mostra.
Homem sofre do receio de não levantar sob pressão. De não corresponder às expectativas quando observado.
É como escrever com alguém olhando por cima dos ombros. É como cantar com alguém cronometrando o tempo.
É uma fobia boba, mas real e determinante.
O macho parte à refrega com a arma engatilhada, tomado do cheiro de pólvora. Antes não se arrisca. Não abre o zíper. Não desabotoa a camisa.
Sexo é certeza para o homem. Objetividade. Matemática.
Evita qualquer ameaça de atentado. Cerca o terreno com antecedência para se entregar. Abomina a possibilidade de falhar e sacrificar a reputação.
Na cama, não se encaixa no perfil contemplativo e lírico, não fica à vontade nu e exposto, teme que a paciência da sedução produza apenas sono.
Mergulha numa prevenção infantil, extremista, de duelo de faroeste: ou vai pronto ou nunca.
Sua estratégia é se excitar sozinho, mentalmente, e partir direto ao ataque. Anseia pela penetração para se livrar do fantasma e relaxar.
Nem percebe que estraga o sonho erótico feminino.
A mulher deseja encontrá-lo murcho. É sua tara, sua vontade sigilosa, a suprema glória.
Vê-lo em repouso e ser a única responsável pela excitação.
Não ter dúvida de que é ela que o provoca. Não ter nenhuma desconfiança de que é ela que o tira do sério.
Quando o membro aparece pronto ao combate, existe a hipótese dele fantasiar com outras.
O pânico de broxar regra sua vida.
Tente apalpá-lo com o membro descansando. Ele rejeitará o gesto. Afastará carinhosamente sua mão. Não imagino atitude diferente. É da raça se mostrar só alerta.
A dificuldade masculina com a preliminar descende do conteúdo à mostra.
Homem sofre do receio de não levantar sob pressão. De não corresponder às expectativas quando observado.
É como escrever com alguém olhando por cima dos ombros. É como cantar com alguém cronometrando o tempo.
É uma fobia boba, mas real e determinante.
O macho parte à refrega com a arma engatilhada, tomado do cheiro de pólvora. Antes não se arrisca. Não abre o zíper. Não desabotoa a camisa.
Sexo é certeza para o homem. Objetividade. Matemática.
Evita qualquer ameaça de atentado. Cerca o terreno com antecedência para se entregar. Abomina a possibilidade de falhar e sacrificar a reputação.
Na cama, não se encaixa no perfil contemplativo e lírico, não fica à vontade nu e exposto, teme que a paciência da sedução produza apenas sono.
Mergulha numa prevenção infantil, extremista, de duelo de faroeste: ou vai pronto ou nunca.
Sua estratégia é se excitar sozinho, mentalmente, e partir direto ao ataque. Anseia pela penetração para se livrar do fantasma e relaxar.
Nem percebe que estraga o sonho erótico feminino.
A mulher deseja encontrá-lo murcho. É sua tara, sua vontade sigilosa, a suprema glória.
Vê-lo em repouso e ser a única responsável pela excitação.
Não ter dúvida de que é ela que o provoca. Não ter nenhuma desconfiança de que é ela que o tira do sério.
Quando o membro aparece pronto ao combate, existe a hipótese dele fantasiar com outras.
Já quando surge brando e ameno, a mulher se envaidece da própria sensualidade, arrepia-se por produzir o efeito vulcânico, ganha confiança para o arrebatamento.
Ainda mais se ele cresce, pouco a pouco, dentro dela.
Ainda mais se ele cresce, pouco a pouco, dentro dela.
Crônica publicada no site Vida Breve
Colunista de quarta-feira