SOU DE ERRAR MUITO
Sou de errar muito, com vontade. Exploro todas as possibilidades à exaustão. Abandono um laço com a consciência limpa, o coração lavado. Melhor do que viver em realidades paralelas, com pessoas paralelas e afetos educadamente interrompidos.Não me rogo por vencido. Não quero guardar alguma dúvida de que seria diferente e que poderia ser diferente se tivesse feito algo a mais, dito algo a mais.
Levo o amor comigo até o constrangimento, até o vexame, até ver que não tem volta. Uso as palavras necessárias e as desnecessárias, ofereço gestos importantes de agradecimento e gratuitos de raiva. Insisto por todos os lados para descobrir a verdade.
Ando pelas afirmações e, na ausência de saída, queimo as perguntas.
Voo, caminho, rastejo. Saio de cena só quando morre a esperança.
Mas não deixo o medo levar parte de minha vida.
Quem erra pouco também tentou pouco.
Crônica publicada em 27/6/2018