SUBIR A MÃO É O VERDADEIRO TALENTO NA SEDUÇÃO
Os homens têm pressa pelo sexo. E a ansiedade só destrói a intimidade.Sofrem com a mania de descer a mão assim que começa o envolvimento. E costumam tomar a iniciativa em festas e baladas.
Não sei da onde que julgam que a bolinação em público é agradável. É apenas constrangedor, não desenvolve a libido, não arrebata nenhuma mulher. Ainda demonstra uma falta de cuidado com a privacidade e com aquilo que os outros podem pensar.
Homem às vezes trata a mulher como homem logo querendo tudo de uma vez, chamando para o atrito (com semelhanças histéricas de uma briga), não importando a hora e o lugar.
Colocou na cabeça que precisa de uma atitude depois do beijo, que não pode ficar somente no beijo. Ou que o beijo é um semáforo verde para o resto do corpo. Engana-se, o beijo não é uma pulseira VIP para o camarote. O beijo já é tudo, já é explosivo suficiente para garantir a excitação. É no beijo que encontramos quem é capaz de voar no trapézio da nossa língua.
Como o homem jura que a pegação deve ser selvagem, ele se esparrama como um polvo em toques sem perícia alguma. Seria cômico se não fosse invasivo. E ele acha que a mulher segura a mão dele como provocação, ela segura a mão dele para que ele realmente pare, não está sendo divertido mesmo.
Pegada não é sair metendo os dedos. Mas exercitar o mistério do olhar e do elogio. Um beijo no pescoço arrepia mais do que alisar a calcinha, uma dicção séria cochichada no ouvido desperta mais estremecimento do que apertar o peito, uma carícia no rosto gera mais calor do que esfregar a bunda.
Segurar a cintura com firmeza, por exemplo, costuma obter grande sucesso na conquista, e revela uma destreza maior que qualquer afobação.
Isso não é um pedido conservador por recato e romantismo, é química. A sensualidade depende exatamente da mistura dos elementos, da hesitação e da insinuação, jamais da explosão direta do laboratório.
As palavras são as preliminares. Homem que não tem capacidade para falar nunca tocará o coração de uma mulher.
Publicado em UOL em 15/12/2017