UMA AUSÊNCIA INEXPLICÁVEL
Arte de Paul Klee
Não xingue o pai de seu filho usando o que ele foi como marido. Não xingue a mãe de seu filho usando o que ela foi como esposa.
Ele pode ser um excelente pai e um péssimo marido. Ela pode ser uma excelente mãe e uma péssima esposa.
É preciso separar as duas condições.
Para evitar represálias, para evitar que a criança não fique traumatizada.
O que costuma acontecer: os pais desabafam para o filho tudo o que deu errado no casamento.
Expõem o ódio. Criticam o ex abertamente. Lavam a roupa em público.
A criança fica em pânico, não entende qual lado defender.
Jura que o pai e o marido são uma única pessoa.
Contaminamos a paternidade e a maternidade com ressentimentos do relacionamento.
Os filhos assistem as crises, as brigas e os motivos do divórcio. Mas ninguém diz para eles como foi o início feliz da história.
Por que os pais, mesmo separados, não contam como se conheceram, como ficaram juntos?
Por que omitem de seus filhos o começo de tudo? Por que não provam que seus filhos são frutos do desejo, não erros, não descuidos?
Não mostram que seus filhos foram queridos, planejados.
Como estão em outros casamentos e para não gerar ciúme nas atuais companhias, sonegam o princípio do romance. Não descrevem como um dia se amaram.
Se você não conta o melhor da história, como seus filhos vão acreditar no amor quando adultos? Como?
Eles não vão querer se relacionar, mas pensar que casamento é apenas ódio e rancor, disputa e confusão.
Ouça meu comentário na manhã de terça-feira (23/4) na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, apresentado por Antonio Carlos Macedo e Andressa Xavier: