Blog do Carpinejar

SEJA HOMEM PARA TERMINAR

Arte de René Magritte
 
Se vai se separar, não arrume desculpas ou evasivas.
 
Não tente colocar a culpa no outro para ainda se sair como vítima.
 
Não transfira sua decisão, muito menos queira repartir a culpa.
 
Não fique cavando erros para sair ileso e diminuir sua pena.
 
Não procure aliviar a dor com eufemismos.
 
Não torture com falsas promessas para ganhar tempo, não sustente planos conjuntos.
 
Não escolha o melhor dia para evitar conflitos. Não há melhor dia para se despedir. Todo dia é ruim. Todo dia é triste.
 
Não diga “eu te amo” por convenção, como se fosse um cumprimento, para despistar o que já definiu em segredo.
 
Não perdure cobranças se já não deseja mais nada.
 
Não discuta por horas a fio por um preciosismo ou um deslize se não tem paciência.
 
Não imponha sua vontade se não tem vontade.
 
Não banque o tirano, o ditador, para encobrir o crime do desamor.
 
Não conte aos amigos o que sente se não conta antes para sua companhia.
 
Não mergulhe na omissão sob a alegação de que ela não vai entender.
 
Não pense por ela, não fale por ela, não está mais conectado para traduzir o que ela deseja.
 
Não faça fiado com o silêncio, não faça empréstimo com as lembranças, não invente de pagar as palavras com juros.
 
Seja direto, didático, claro.
 
Que encontre a coragem da simplicidade. A confusão neste momento gera covardia.
 
Sem teorias, sem defesa, sem chantagem, sem adiamentos.
 
Exponha que não ama mais ou o que está envolvido com uma nova pessoa ou que não tem mais interesse.
 
Mas assuma o ponto final, não finja que é uma vírgula.
 
Metade dos traumas da separação é que alguém saiu sem explicar o motivo.
 
Metade dos traumas do divórcio é que alguém ficou com aquele medo preguiçoso de transparecer o fim.
 
E quem é deixado para trás passa o resto dos dias buscando entender o que aconteceu, remoendo o desfecho, carregando o ressentimento de que havia como continuar e inventando motivos.
 
Não dê trabalho de ressurreição a quem dividiu a vida com você, dê a verdadeira causa do óbito.
 
É uma injustiça sumir, desaparecer, virar as costas.
 
O coração é um cartório. Tem que reconhecer firma. Na entrada e na saída de qualquer relacionamento.
 
Caso foi homem para declarar o amor, tem que ser homem para encerrar o amor.
 
Caso foi homem para começar o amor, tem que ser homem para terminar o amor.
 
  

Publicado no jornal Zero Hora
Revista Donna, p.6
Porto Alegre (RS), 11/5/2014 Edição N° 17793

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